O impacto da violência doméstica no desenvolvimento dos bebês
Mesmo os bebês menores são prejudicados pela violência doméstica, que pode afetar diversas áreas de suas vidas, como as relações sociais.
Mesmo os bebês menores são prejudicados pela violência doméstica, que pode afetar diversas áreas de suas vidas, como as relações sociais.
Segundo a Irmã Veroni Medeiros e a nutricionista Caroline Dalabona, da Pastoral da Criança, pesquisas apontam que bebês, mesmo no ventre materno, recebem influências negativas em seu desenvolvimento neuronal quando sentem que os pais brigam ou se ofendem mutuamente. Consequentemente, seu nível de estresse fica elevado. “Os bebês têm sensibilidade aguçada e até mesmo quando dormem são afetados pelos sons desprovidos de afeto e ternura”, explicam.
Uma criança gerada no aconchego familiar e nas relações de afeto tem melhores condições de desenvolvimento e cuidado e sofre menos com o estresse. Por outro lado, aquela que é educada em um clima hostil e de violência familiar pode apresentar várias dificuldades ao longo do seu desenvolvimento. As especialistas da Pastoral da Criança lembram que cada criança é única e os problemas não se manifestam igualmente em todas. No entanto, elas podem apresentar:
Na primeira infância, as crianças precisam de muito estímulo e interação afetiva para construir conceitos básicos como a autonomia, autoestima e autoimagem. Quando essa atenção não é oferecida pelos seus cuidadores, elas sofrem prejuízos que geralmente se expressam na fase escolar.
As agressões verbais feitas às crianças, por exemplo, são extremamente danosas e causam prejuízos que podem perdurar por toda a vida adulta. O simples ato de discutir na frente dos filhos, mesmo quando as ofensas não são direcionadas ao pequeno, pode ter impactos negativos em áreas emocionais, cognitivas e afetivas.
“A fala dos pais tem um eco profundo na vida da criança. Uma palavra dita de forma agressiva ou grosseira pode permanecer na mente das crianças e se manifestar no futuro”, diz Caroline. “É bom evitar gritos, xingamentos e principalmente brigas entre o casal na frente dos filhos”, reforça.
Os bebês até dois anos estão tão sujeitos aos efeitos da violência doméstica quanto os mais velhos. Um ambiente agressivo pode acarretar uma carga emocional com a qual não sabe lidar, perturbando significativamente sua socialização e suas relações afetivas.
Como, então, criar um ambiente emocionalmente saudável para os bebês? “Um ambiente pacífico, tranquilo, aconchegante e de muito amor é tudo o que o bebê precisa para ter um desenvolvimento integral e saudável”, diz Caroline.
O pequeno é merecedor de muitos estímulos, afeto, cuidado e atenção. Os cuidadores devem criar oportunidades e brincadeiras para que o bebê se desenvolva, sempre em ambientes coloridos, alegres e acolhedores. Ele deve receber colo e ficar bem pertinho dos pais, para ouvir e sentir o mundo ao seu redor. O afeto e o cuidado têm impactos positivos em diversas áreas e regulam o sistema nervoso, influenciam a criatividade e ainda promovem o bom humor dos bebês.
Em vez de brigar constantemente com o bebê, a família deve orientar. Saber dizer “não” na hora certa e explicar o motivo da negativa são importantes. “A conversa entre as pessoas é edificante e fortalece as boas relações. As crianças precisam de afeto, firmeza, limite e segurança”, finaliza.
Percepção da Criança Acerca da Agressão Física Intrafamiliar. Revista Ciência, Cuidado e Saúde. Departamento de Enfermagem e Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Estadual de Maringá – UEM (2011).
Vulnerabilidade no Desenvolvimento da Criança: Influência dos Elos Familiares Fracos, Dependência Química e Violência Doméstica. Revista Texto e Contexto – Enfermagem. Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC (2014).
Desenvolvimento do Bebê nos Dois Primeiros Meses de Vida: Variáveis Maternas e Sociodemográficas. Periódico Pensando Famílias – DOMUS – Centro de Terapia de Casal e Família (2014).
A infância nem sempre recebeu tanta importância quanto hoje. Ser criança no século 21 significa ter uma série de direitos como educação, saúde, nutrição e o fundamental direito à vida.
O nascimento do bebê é um momento de muita alegria. Ao mesmo tempo, a mãe fica sensível e assustada com a responsabilidade de zelar por uma nova vida.
Um estudo realizado pelo Centro de Desenvolvimento Infantil da Universidade de Harvard apontou que esse é um dos fatores primordiais para um desenvolvimento infantil adequado e saudável.