Adoção e vínculo afetivo: especialista explica que ser mãe ou pai é construção diária
Ser mãe ou ser pai é uma construção, independentemente de a criança nascer da barriga da mãe ou ser adotada.
Ser mãe ou ser pai é uma construção, independentemente de a criança nascer da barriga da mãe ou ser adotada.
Ser mãe ou ser pai é uma construção, independentemente de a criança nascer da barriga da mãe ou ser adotada. E como toda construção, criar o vínculo afetivo é um processo, um ato de amor, de doação constante, de aprendizagem de ambos os lados.
O vínculo entre pais e filhos, no caso das crianças adotadas, é constituído de forma parecida com o processo caracterizado como “natural”, como é no caso dos filhos biológicos. Por isso, os valores norteadores de qualquer criação de laços devem ser os de proteção e cuidado. Assim como qualquer relação afetiva íntima, o amor entre pais e filhos é uma consequência da confiança que as crianças sentem a partir de ações diárias dos pais.
Para a psicoterapeuta familiar Paloma Vilhena, especializada em parentalidade e perinatalidade, a ideia de que o vínculo pais-filhos nasce instantaneamente com o nascimento do bebê não é verdadeira “A diferença é que o tempo da gestação, a semelhança :física com os pais e o fato de conhecer a criança desde o início de sua vida pode facilitar esse processo. Mas, ainda sim, é necessário elaborar o luto da criança idealizada e da criança que realmente se tem – com todas as alegrias e dificuldades que ela traz. Sendo assim, todo início de relação entre pais e filhos passa por um período de estranhamento e descoberta de si mesmo e do outro”, explica.
Estudos científicos comprovam que o estado emocional da mãe influencia diretamente nos traços comportamentais e no desenvolvimento neurológico das crianças. Se a mulher sofreu com algum tipo de prática violenta, de ansiedade, estresse, depressão ou outro episódio traumático durante a gestação, o bebê sentirá, pois os corpos da mãe e da criança estão ligados não somente física como psiquicamente.
No caso das crianças adotadas, essas experiências são bastante frequentes, inclusive após o seu nascimento. “Elas podem ter passado por situações de negligência, violência, ou abandono. Podem ter raiva, insegurança, pelo medo de serem rejeitadas novamente. Também pode acontecer de se sentirem traindo suas famílias de origem, independente do quão disfuncional elas foram, e isso pode provocar resistência à nova família. Os pais têm de ter muita paciência, afeto, respeitar o tempo da criança e olhar pelo seu ponto de vista”, esclarece Paloma.
Por isso, é importante que filhos e pais façam acompanhamento psicológico, mesmo após o processo de guarda ter sido finalizado. Famílias que abandonam ajuda profissional psíquica e emocional são mais suscetíveis a desistirem da adoção por não serem capazes de lidar com as reações dos filhos. “Isso é extremamente grave pois acaba por provocar uma nova situação de abandono para a criança, ou fazer com a criança sinta-se abandonada mesmo estando em uma nova família”, pontua Paloma. :
A dica de ouro é respeitar o tempo da criança, sempre com muito carinho, compreensão e paciência. “Até porque o ressentimento, de ambas as partes, faz parte de todo e qualquer tipo de relacionamento humano”, finaliza a psicoterapeuta familiar.
É preciso ficar de olho no comportamento agressivo da criança para não perder o controle
Pais que comem demais criam filhos comilões? Adultos que têm medo de tudo transmitem isso às crianças? Não necessariamente.
Com base em pesquisa sobre a primeira infância, realizada pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal, especialistas sugerem uma série de iniciativas para melhorar o atendimento nas creches e assim garantir o desenvolvimento adequado de crianças de até 3 anos.