Nutrieconomia: os benefícios do investimento na primeira infância
Imagine dois países: no país 1, os investimentos na infância são altos e as crianças crescem saudáveis em todos os sentidos.
Imagine dois países: no país 1, os investimentos na infância são altos e as crianças crescem saudáveis em todos os sentidos.
Imagine dois países: no país 1, os investimentos na infância são altos e as crianças crescem saudáveis em todos os sentidos. Já no país 2, uma grande parcela das crianças não se alimenta adequadamente, vive em um ambiente estressante, cheio de problemas e não recebe todos os cuidados necessários. Qual dos dois tem mais chances de prosperar no futuro?
Para responder essa pergunta, estudiosos criaram uma ciência chamada Nutrieconomia, que visa entender o impacto econômico que a nutrição, principalmente nos primeiros anos de vida, tem a longo prazo.
Nesse sentido, o professor James J. Heckman, da Universidade de Chicago, elaborou uma equação, conhecida como Equação de Heckman, que prova que o investimento na primeira infância traz impactos positivos para o país e gera menos custos do que tentar reverter ou minimizar os problemas mais tarde.
De acordo com o professor, a cada US$1 investido nos primeiros mil dias da criança, US$7 retornam na vida adulta. Em países onde há preocupação com essa fase, há menores taxas de evasão escolar e índices menores de violência. Ademais, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a nutrição adequada na primeira infância melhora o desempenho escolar, o que resulta em ganhos posteriores ao PIB de um país.
Por isso, apesar de o cuidado com a saúde ser primordial, é preciso que haja um suporte para que o desenvolvimento das crianças seja pleno em todos os sentidos. “Investir na primeira infância é melhorar a qualidade de todos os serviços que envolvem as crianças, especialmente as menos favorecidas”, afirma Eduardo Marino, gerente de Conhecimento Aplicado da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal (FMCSV).
Todas as experiências e estímulos recebidos nesse período são absorvidos e vão construindo a arquitetura do cérebro da criança. Quando exposta a estímulos positivos adequados, a criança trabalha habilidades motoras e adaptativas. “Aumenta-se a chance dela apresentar maior aptidão intelectual e relações sólidas e mais equilibradas”, afirma Marino. “Mas o oposto também pode ocorrer, se houver a falta de estímulos ou se o ambiente e as pessoas se mostrarem hostis”, alerta Marino.
Criar melhores condições para todas as crianças envolve esforços de toda a sociedade: governo, centros educacionais, famílias e empresas e assim por diante. “A Constituição brasileira determina que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar com absoluta prioridade os direitos da criança, do adolescente e do jovem. Portanto, todos somos responsáveis pelo pleno desenvolvimento da criança”, lembra Marino.
Quando os pais se sentem amparados pela comunidades e pelos agentes governamentais, têm melhores condições de apoiar o desenvolvimento dos seus filhos, passam tempo de qualidade com as crianças, estabelecem limites por meio do afeto e se dedicam a estimulá-los da melhor forma possível. Por fim, o essencial: têm condições de oferecer moradia, nutrição e um ambiente adequado para o seu crescimento.
Os primeiros mil dias compreendem os 270 dias da gestação e os 730 dias até que o bebê complete dois anos de idade. Nesse período, acontece o maior estirão de crescimento do ser humano. Além disso, esses são os anos fundamentais para o desenvolvimento dos sistemas nervoso e imunológico, assim como para formação de bons hábitos alimentares, que aumentarão as chances dele se tornar um adulto saudável.
Fundação Maria Cecília Souto Vidigal (“Do desenvolvimento da primeira infância ao desenvolvimento humano”), Heckman Equation (“Investir no desenvolvimento na primeira infância: Reduzir déficits, fortalecer a economia”).
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